quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Não deixe Hollywood acabar com sua autoestima

Este é mais um post da série "se divirta com as comédias românticas, mas cuidado com as mensagens que elas passam". O outro post é esse aqui.

Resolvi falar sobre isso porque ando preocupada com o efeito de algumas ideias estimuladas (indiretamente) pelos filmes.

Por exemplo:  "Se eu for bom(a) o suficiente, o outro vai se interessar/gostar de mim" (independentemente de quem seja o(a) outro(a) ou do momento de vida em que ele(a) se encontra) é uma maneira de pensar bem comum e reafirmada em muitas comédias românticas. 

Gostar ou não de alguém não é uma operação matemática, na qual sabemos o que deve ser colocado junto para dar a soma pretendida. Na realidade, é algo que, até hoje, não se sabe dizer muito bem como acontece, embora ocorra com frequência.

Algumas questões, no entanto, fazem parte do se interessar. Segue uma lista (que não pretende ser absoluta, apenas demonstrativa):

- ter uma aparência física atraente 
(o que é algo muito relativo, pois os interesses mudam de pessoa pra pessoa)

- ter afinidades 
(que vão desde caráter e princípios, passando por planos em comum e nível de socialização mais confortável para cada um, até chegar em gostos para filmes, comidas preferidas e outras coisas mais corriqueiras)

- ter disponibilidade 
(esse aqui é um item importantíssimo e que, em geral, não é levado em conta. As pessoas precisam estar disponíveis  e dispostas a se envolver. Como saber isso? Atente para o que a pessoa faz, não para o que ela fala. Pessoas realmente disponíveis mostram interesse de forma frequente, cada um à sua maneira)

- estar num momento de vida propício para um relacionamento 
(tem relação com o item acima, mas decidi explicar melhor: significa que a pessoa está aberta para ter um relacionamento. O que é não estar num momento propício? Em geral, pessoas que acabaram de sair de um relacionamento e/ou que sofreram muito com alguém recentemente, que estão querendo curtir a solteirice, que não conseguem se abrir, entre outros)

Então, você pode encontrar o homem ou a mulher "da sua vida" (aparentemente), mas se ele ou ela estiver em falta com algum destes itens, pode ser que o relacionamento não vá pra frente.

A questão é que nosso valor não é capaz de modificar o fato, por exemplo, da pessoa não estar disponível, pois essa é uma questão que tem a ver só com a própria pessoa. Mas,  aí, entra Hollywood: nos filmes, o que conta mesmo é quem você é, porque o outro sempre muda quando realmente o conhece. Então, não importa quem o outro seja ou em que momento de vida se encontre ou o grau de disponibilidade dele/dela. O que realmente faz diferença é se você é bom o suficiente, porque o outro com certeza, em algum momento, vai perceber isso e se abrir para um novo e maravilhoso relacionamento. Só se for em Hollywood mesmo. Aliás, agora consegui lembrar de um filme em que as coisas não são tão redondinhas assim ("Sex and the city - o filme"), mas acho que essa é uma exceção na terra do cinema.

Aqui, no Brasil, outros fatores costumam interferir (como estes que eu citei), alguns relacionamentos não vão pra frente e a autoestima vai lá pra baixo: "se eu fosse bom(a) mesmo, ele teria ficado comigo. Não valho a pena".

Então, antes de chegar a alguma conclusão sobre seu valor como pessoa e sobre seu futuro na terra dos relacionamentos, talvez seja prudente avaliar a pessoa pela qual você se interessa e verificar como ela preenche (ou não) os itens acima. Com essa análise, pode-se chegar a conclusões mais realistas  e a uma autoestima mais preservada

Ana Carolina Diethelm Kley
anacdkley@hotmail.com
Para me adicionar no Twitter: @AnaDKley

Um comentário:

  1. Muito interessante! No início do seu post você citou uma das ideias que os filmes passam. Seria legal um post falando sobre outras dessas crenças que os filmes nos passam, e nas quais acabamos acreditando.

    Abraços, Fernando.

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